O deputado estadual Gilmar Júnior (PV), enfermeiro e presidente do Conselho Regional de Enfermagem de Pernambuco (Coren), considerou “inapropriado para o momento” o puxão de orelhas que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deu nos representantes da categoria na última quarta-feira.
Enfermeiros, que cobram a definição de um piso salarial em nível nacional, vaiaram ininterruptamente a governadora Raquel Lyra (PSDB) nos cinco minutos de seu discurso. Vaiaram antes, todas as vezes em que ela foi citada ou apareceu no telão, durante evento no Ginásio de Esportes Geraldão, Zona Sul do Recife, onde foram firmados acordos entre Governo Federal, Governo do Estado e prefeitura da capital.
“Entendo que o presidente queira proteger seus convidados, como alegou, mas ele também precisa entender que vivemos em um Estado democrático de direito, e a categoria está em polvorosa”, argumentou.
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Segundo o deputado, Lula se posicionou como se a Medida Provisória para destravar o piso salarial da categoria dependesse apenas de decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). “O texto está na Casa Civil desde a semana passada. E, na verdade, o STF é que espera a assinatura do Governo Federal para encaminhar a pauta. As informações são do Blog da Folha
No mesmo evento, o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Márcio Macedo, assegurou o compromisso do Governo com a categoria, mas não disse quando a MP será assinada.
Ainda de acordo com o deputado, a manifestação contra a governadora foi resultado de um somatório de insatisfações. “Ela entendeu que as vaias fazem parte do processo democrático. O que ela precisa agora é construir uma mesa de negociação”, ressaltou, lembrando que a categoria também ficou de costas durante o discurso por ter sido ignorada no último dia 10.
“Os enfermeiros queriam ser recebidos pela governadora, mas ela mandou um oficial de justiça representá-la”. A decisão só inflamou os ânimos dos mais de 134 mil profissionais (auxiliares, técnicos e enfermeiros) no Estado. “Continuamos disponíveis. E não é para brigar, é para construir”, enfatizou Gilmar Júnior.