Emagrecer, controlar a ansiedade para comer, aumentar a libido e tratar a obesidade. Essas são algumas das promessas de médicos que vendem implantes hormonais, popularmente chamados de “chips da beleza”, com ocitocina. O uso do hormônio nesses implantes é a nova tendência on-line com o movimento “ocitocine-se”.
Segundo especialistas, isso representa um risco à saúde e não tem qualquer comprovação científica de que traga os resultados prometidos.
Com até 1,5 cm, o “chip da beleza” é um implante em forma de bastonete de silicone inserido embaixo da pele por meio de uma microincisão. A quantidade de hormônios varia conforme o paciente.
Nesta semana, viralizou nas redes sociais o caso de uma jovem de cerca de 20 anos internada em estado grave em um hospital particular de São Paulo que desenvolveu um edema cerebral 24 horas após colocar o implante. A jovem pôs dois implantes com ciproterona, gestrinona, testosterona e ocitocina.
👉 A ocitocina, conhecida popularmente como hormônio do amor, é produzida pela hipófise e tem uma ação antidiurética, agindo sobre o equilíbrio da água e sódio no corpo.
🚨 Quando há uma quantidade de hormônio acima dos níveis naturais, o corpo acumula água e esse acúmulo faz com que o sódio no sangue fique baixo, causando uma intoxicação por água.
🧠 No caso da paciente, ela teve um edema cerebral, que é caracterizado por um inchaço no cérebro. Segundo especialistas, o edema é uma das consequências do excesso de água no corpo.
Ocitocina não tem eficácia comprovada para fins estéticos
Não há qualquer pesquisa que ateste a eficácia da ocitocina para tratar obesidade, ansiedade ou falta de libido.
➡️ O que tem efeito comprovado é apenas na indução de partos, sendo essa a única forma de indicação do seu uso.
O ginecologista Marcelo Luis Steiner explica que, em gestantes, são usadas cerca de 20 unidades em um prazo máximo de seis horas.
No caso da paciente internada com edema, o implante dela tinha mil unidades que deveriam ser liberadas aos poucos.
❗ No entanto, a absorção dos hormônios é uma das questões que fez o Conselho Federal de Medicina (CFM) proibir o uso desses chips.
O médico e presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), Paulo Augusto Miranda, explica que a ciência vem estudando o papel desse hormônio, mas as pesquisas são voltadas para a sensação de bem-estar.
- O primeiro passo dos estudos tem sido compreender como identificar a deficiência desse hormônio no organismo.
- Para doses extras de qualquer coisa no corpo, é preciso antes saber se há uma baixa e o que a deficiência pode causar. Sem isso não é possível pensar em fazer qualquer suplementação, como no caso do chip hormonal