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Fraude no INSS: 742 mil aposentados apontaram descontos indevidos antes de ação da PF

Dado foi repassado para o INSS, como recomendação para suspender os descontos, mas nada aconteceu. Movimentações inconsistentes foram identificadas desde 2018.

Em | Da Redação

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Fraude no INSS: 742 mil aposentados apontaram descontos indevidos antes de ação da PF
Dado foi repassado para o INSS, como recomendação para suspender os descontos, mas nada aconteceu. Movimentações inconsistentes foram identificadas desde 2018.

Um levantamento da Controladoria-Geral da União (CGU) revelou que, no primeiro semestre de 2024, 742.389 beneficiários solicitaram o cancelamento de descontos associativos. As reclamações foram registradas nos canais de atendimento do INSS. Em 709 mil desses casos — o equivalente a 95,6% do total — os aposentados afirmaram que não haviam autorizado previamente os descontos feitos por associações diretamente na folha de pagamento.

O quantitativo de requerimentos de exclusão de descontos de mensalidades associativas efetuados […] sinalizam que não é possível assumir como parâmetro balizador das decisões e ações sob a responsabilidade do INSS a boa-fé, em especial considerando os reflexos diretos no valor do benefício pago aos segurados do INSS em virtude da realização desses descontos, afirmou a CGU.

Descontos aplicados sem autorização nas aposentadorias de brasileiros motivaram uma operação da Polícia Federal, realizada na semana passada, para investigar possíveis fraudes nos cadastros. O presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, foi exonerado na quarta-feira (23).

Já no sábado (26), uma reportagem exclusiva do Jornal Nacional revelou que o ministro da Previdência, Carlos Lupi, havia sido alertado sobre o problema dez meses antes de o governo começar a adotar medidas para conter as irregularidades.

As reclamações foram direcionadas a 11 associações suspensas pela Justiça após operação da PF, enquanto outras 12 acumularam ao menos mil queixas. Juntas, essas entidades descontavam valores de 6,54 milhões de beneficiários, mas ainda não se sabe quantos foram vítimas de fraude.

Em julho de 2024, a CGU enviou ao INSS dados de auditoria e solicitou a suspensão de repasses a oito associações, sem retorno. O levantamento embasou a operação da PF e a decisão judicial que bloqueou os descontos.

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