Como diria o filósofo Justin Bieber: nunca diga nunca. O governo Bolsonaro praticamente dobrou o gasto com publicidade na rede Globo, velho desafeto do presidente, de janeiro a junho deste ano.
A comparação é com o mesmo período de 2021. Pré-candidato à reeleição, Bolsonaro (PL) busca conquistar o eleitorado para não sofrer uma derrota para o ex-presidente Lula (PT), que lidera as pesquisas de intenção de voto.
O gasto de Bolsonaro é para ocupar espaço institucional na mídia divulgando obras e programas criados desde que assumiu a cadeira da presidência, em 2019.
O levantamento feito pelo UOL mostra ainda uma mudança no perfil de investimento feito pela pasta. Na TV, o Palácio do Planalto deu prioridade às campanhas institucionais, isto é, que mostram os feitos da gestão e ajudam a inflar a popularidade do presidente.
Em 2021, a Secom havia comprado espaço na Globo para 46 inserções publicitárias categorizadas como “utilidade pública” e apenas dez para materiais institucionais.
Já de 1º de janeiro a 21 de junho deste ano, são 72 campanhas institucionais na maior emissora do país (86% a mais) e apenas duas, “utilidade pública” (96% a menos).
Segundo a Secom, em levantamento feito pelo UOL, nos seis primeiros meses de 2021, a Globo recebeu R$ 6,5 milhões em valores líquidos pagos por materiais publicitários de televisão veiculados em âmbito nacional e regional. O valor saltou para R$11,4 milhões em 2022, ano de eleição.
Os valores fizeram com que a Globo se tornasse a ‘queridinha’ de Bolsonaro quando o assunto é TV aberta.
Somados, os cinco maiores canais da TV aberta (Globo, SBT, Rede TV, Record e Band) receberam em 2022 montante de pouco mais de R$ 33 milhões — maior valor desde 2019, ano em que Bolsonaro chegou ao poder.