Cotidiano
Uso de cocaína alavanca auxílios-doença
De acordo com dados do INSS, houve um boom no consumo da droga e também de álcool entre os trabalhadores.

Dados do Instituto Nacional o Seguro Social (INSS) mostram que, de 2009 a 2013, ouve uma explosão no consumo de cocaína no País e dos indices de afastamento de trabalhadores, principalmente no Norte e Nordeste, devido ao problema. O número de auxílios-doença por alcoolismo ou dependência química cresceu mais de 50% em nove estados brasileiros e no Distrito Federal este período. Amapá, Pernambuco, Goiás, Paraíba, Distrito Federal, Pará, Ceará e ato Grosso lideram o aumento dos pedidos de afastamento.
São casos por uso de álcool, cocaína e seus derivados, como crack e merla, e pela mistura de drogas. Desde 2009, afastamento pelo uso dos diferentes tipos de entorpecentes feitos com cocaína cresceu 4,6% no Brasil. O levantamento não diferencia cocaína, crack e merla. Os auxílios por consumo de múltiplas drogas aumentaram 67,3% e 19,6% devido ao consumo de álcool.
Alagoas foi o único estado a ser queda na concessão de auxílio. Segundo o INSS, o motivo foi a queda nos casos de depressão em decorrência do uso de drogas, que também dá direito ao benefício. Informações do FolhaPE.
[veja_tambem]O auxílio-doença é concedido a trabalhadores segurados elo INSS, que não perdem o emprego ao se ausentar. Para pedir o benefício, é preciso comprovar por meio de perícia médica a impossibilidade de exercer a função em razão do uso de drogas. Uma vez que o benefício é dado, não há prazo máximo para o encerramento de sua utilização.
De 2009 até o mês passado, o Governo Federal já gastou mais de R$ 206 milhões com auxílios-doença para viciados em toda a federação. O INSS forneceu os dados, mas não quis comentá-los.
De acordo com o psiquiatra Ronaldo Laranjeira, diretor do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Políticas Públicas do Álcool e outras Drogas, o aumento maior do problema em estados do Norte e Nordeste ocorreu porque uma rede de distribuição da droga se instalou nos últimos anos na região. “Não teve investimento em prevenção e, com o vácuo da política, quem prevaleceu foram pequenos traficantes”.
Saiba mais
Aquisitivo – O psiquiatra da Universidade de São Paulo e do Centro de Informações sobre Saúde e Álcool, Arthur Guerra, afirma que o crescimento do uso de entorpecentes também é puxado pelo aumento do poder aquisitivo no Brasil. Os especialistas dizem, no entanto, que os problemas de vício com álcool e drogas não têm uma única causa e se devem a históricos de cada indivíduo e ao contexto social.