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Yanomamis não teriam sobrevivido a mais quatro anos de governo Bolsonaro,diz secretário

Em | Da Redação

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Yanomamis não teriam sobrevivido a mais quatro anos de governo Bolsonaro,diz secretário

O secretário executivo do Ministério dos Povos Indígenas, Eloy Terena, foi enfático, em entrevista ao portal UOL, ao dizer que ações promovidas durante o governo de Jair Bolsonaro (PL) tiveram impacto direto na tragédia, só recentemente visibilizada, dos povos yanomamis na Amazônia.

Entre essas ações ele citou o favorecimento a garimpeiros ilegais e o boicote explícito de ajuda às aldeias durante a pandemia.

“Na gestão Bolsonaro, há uma conduta proativa e expressiva de, além de negar a proteção, incentivar o garimpo naquelas terras indígenas. Ainda no período dele e da ministra Damares (Alves, dos Direitos Humanos), houve veto à ajuda humanitária aos povos. Há um divisor de águas nesse sentido. Há um conjunto de condutas dolosas com a intenção de prejudicar”, afirmou.

Ele se referia ao veto do então presidente a um projeto de lei que previa medidas de proteção a comunidades indígenas no auge da crise sanitária, em 2020, com oferta de leitos de UTI, produtos de limpeza e água potável.

Os ianomâmis são povos de recente contato e, como se sabe, a proximidade de atividades econômicas em sua terra progeria provocar uma curva exponencial de contaminações – não só de Covid.

Bolsonaro vetou o projeto a pedido de Damares Alves, sob a alegação de que os povos não haviam sido “diretamente consultados pelo Congresso”.

O veto presidencial foi derrubado pelo Congresso.

Menos de um mês após sua saída do governo, o Brasil e o mundo se chocam com as imagens de indígenas famintos, doentes e desnutridos, enquanto suas terras eram atravessadas, devastadas e contaminadas por agentes químicos e altamente poluentes usados no garimpo, como o mercúrio.

Segundo o Ministério dos Povos Indígenas, mais de 570 crianças yanomamis morreram devido ao impacto das atividades de garimpo ilegal pela região.

O decreto de estado de emergência, publicado agora pelo Ministério da Saúde, dá a dimensão da urgência com que a situação deveria ter sido enfrentada há muito tempo.

Hoje as casas de atendimento aos indígenas se tornaram verdadeiros hospitais improvisados, como aquelas estruturas militares montadas em tempos de guerra.

É espantoso saber que tudo isso acontecia enquanto, ainda durante as eleições, debatia-se problemas fantasiosos a respeito de banheiros unissex e “perigo comunista”.

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