O imunizante SpiN-TEC contra a Covid-19 poderá ser a primeira vacina totalmente idealizada e produzida no Brasil. O imunizante, desenvolvido por pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), já completou a fase de testes em animais e agora aguarda autorização da Agência Nacional de Saúde (Anvisa) para iniciar os testes em humanos. Os dados sobre a fórmula foram publicados na revista científica Nature Communications e divulgados nessa segunda-feira (29).
“Já existem trabalhos mostrando que a resposta das vacinas atuais contra a variante Ômicron é pouco efetiva, daí a importância de desenvolvermos novas soluções que ataquem esta e outras variantes“, explica o professor Ricardo Gazzinelli, do Instituto de Ciências Biológicas e um dos pesquisadores responsáveis pela SpiN-TEC. Ele afirma que, ao contrário das vacinas estrangeiras, o imunizante da UFMG pode ser mantido em temperatura ambiente, tem custo baixo e alta estabilidade.
De acordo com os pesquisadores, a vacina induz uma ótima resposta dos linfócitos-T contra as variantes tradicional e Ômicron, agindo contra várias partes do vírus, em vez de atingir apenas um de seus segmentos, como é o caso das vacinas atuais. Os linfócitos-T são células imunológicas que defendem o organismo contra ameaças virais.
“As vacinas de Covid-19 em uso geram respostas de anticorpos neutralizantes. Já a SpiN-TEC foi desenvolvida para induzir uma resposta dos linfócitos-T, ou seja, ela gera um ataque contra várias partes da molécula do vírus, e não apenas contra um de seus segmentos, como ocorre com as fórmulas atuais”, ressalta o cientista ao indicar como o método de produção diferenciado torna a SpiN-TEC mais efetiva contra mais variantes.
Os pesquisadores esperam que o início das fases clínicas – ou seja, em humanos – comece em setembro. Gazzinelli afirma que a intenção é que o imunizante seja uma dose de reforço. “Os voluntários do grupo-controle vão receber a vacina da AstraZeneca. Depois vamos comparar a produção de anticorpos neutralizantes, anticorpos totais contra o Sars-CoV-2 e a resposta de linfócitos T”, explicou o pesquisador, em comunicado à imprensa.
Vacina brasileira contra a Covid-19
Segundo divulgação da UFMG, a SpiN-TEC poderá ser a primeira vacina humana 100% desenvolvida e produzida no Brasil, e as tecnologias usadas podem ser adaptadas para vacinas que combatem outros agentes virais.
Existe apenas uma outra vacina contra a Covid-19 desenvolvida no Brasil, que utiliza a tecnologia de RNA mensageiro — na fórmula, o código genético do vírus dá instruções para que as células do corpo construam uma resposta viral e gerem anticorpos. O imunizante já está na fase 1 de testes em humanos e está sendo desenvolvido na Bahia, pelo Senai Cimatec, em parceria com a empresa norte-americana HDT Bio Corp.
*As informações são do Metrópoles.