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Prefeito teve posse suspensa devido a áudio no qual reclamou que votos comprados foram “caros demais”

Prefeito teve posse suspensa devido a áudio no qual reclamou que votos comprados foram “caros demais”

Em | Da Redação

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Prefeito teve posse suspensa devido a áudio no qual reclamou que votos comprados foram “caros demais”
Foto: Reprodução Internet

Nem chegou a dar tempo de ser empossado. O prefeito eleito do município de Choró, no Ceará, Carlos Alberto Queiroz (PSB), mais conhecido como “Bebeto do Choró”, teve sua posse suspensa pela Justiça Eleitoral na última quarta-feira (01/01). O motivo? Ele foi flagrado numa gravação obtida pela Polícia Federal reclamando do valor que gastou para comprar votos, afirmando que este ano, os votos que garantiram sua eleição foram “caros demais”.

Prefeito teve posse suspensa devido a áudio no qual reclamou que votos comprados foram “caros demais”

O diálogo, conforme informações da PF, foi registrado em setembro passado, pouco antes do primeiro turno das eleições e teve a autenticidade da gravação confirmada por peritos. Desde aquele tempo, Queiroz vinha sendo investigado por suspeitas de compra de votos e abuso de poder econômico.

A decisão da Justiça eleitoral atendeu a pedido do Ministério Público do Ceará, fundamentado em provas obtidas pela Polícia Federal. Fazem parte das apurações referentes às operações ‘Ad Manus’, conduzida pela promotoria do MP e ‘Vis Oculta’, da própria PF. Ambas apuram fraudes e ilegalidades observadas nas eleições de 2024.

Segundo informações do MP e da PF do Ceará, os diálogos interceptados também indicam que o esquema de compra de votos se estendia a outras localidades, envolvendo a lavagem de dinheiro de emendas parlamentares. E apontam como principais investigados, além de Carlos Alberto Queiroz, também o deputado federal Júnior Mano (atualmente sem partido, expulso do PL em outubro passado por ter apoiado o candidato do PT à prefeitura de Fortaleza), o que levou parte do caso ao Supremo Tribunal Federal (STF), onde tramita sob relatoria do ministro Gilmar Mendes.

O vice-prefeito eleito, Bruno Juca Bandeira (PRD), também teve a posse suspensa por ser outro alvo das investigações. Com a suspensão dos dois, não teve outra alternativa a não ser a prefeitura ser assumida interinamente pelo vereador Paulo George Saraiva (PSB), conhecido como “Paulinho”. No seu discurso, o vereador e prefeito interino disse que a decisão judicial “representa um momento de transição e responsabilidade para o município”.

Entenda o caso

O município de Choré tem cerca de 12 mil habitantes e está localizado a 185 quilômetros de Fortaleza. Conforme a denúncia apresentada pelo Ministério Público, o prefeito eleito, Carlos Alberto Queiroz, e sua irmã, Cleidiane de Queiroz Pereira, utilizavam empresas controladas por eles e “laranjas” para movimentar recursos e financiar a compra de votos.

Entre os benefícios oferecidos estavam dinheiro em espécie, gasolina, quitação de débitos e outros favores em troca de apoio político.  Um dos diálogos interceptados revelou interlocutor relatando que um eleitor pediu ajuda para regularizar a documentação de sua moto em troca de apoio ao então candidato.

Queiroz teria concordado em oferecer R$ 400 para garantir dois votos. Em outro momento, ele encaminhou um comprovante de transferência de R$ 500 e prometeu mais R$ 100 para gasolina, demonstrando o detalhamento do esquema.

As investigações, de acordo com informações em reservado de técnicos do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em Brasília, seguem em curso, abrangendo mais de 51 prefeituras e possíveis irregularidades envolvendo outros agentes públicos. Em nota, o prefeito de Choró declarou “inocência” e disse ser “vítima de perseguição política”.

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