Glover Castro, advogado de defesa dos policiais rodoviários federais envolvidos na abordagem que matou asfixiado Genivaldo de Jesus Santos, 38, negro, na cidade sergipana de Umbaúba, disse à reportagem que os agentes lamentam o ocorrido e que estão colaborando com as investigações.
Os policiais prestaram depoimento na sede da Polícia Federal em Aracaju, nesta segunda-feira (6). As oitivas devem seguir na terça.
“Eles lamentam todo o ocorrido, são pessoas que têm uma carreira na Polícia Rodoviária Federal, têm famílias. Ninguém imaginava chegar a esse ponto, mas não posso dar mais detalhes sobre isso”, afirmou o advogado.
Nem o defensor nem o núcleo de comunicação da PRF de Aracaju deram detalhes do teor dos depoimentos dos policiais. Procurada, a Polícia Federal também não respondeu.
“As coisas estão evoluindo bastante e acredito que no máximo em 30 dias do ocorrido a gente feche esse inquérito”, disse o advogado.
Por parte da família de Genivaldo, o advogado de defesa protocolou nesta segunda um pedido de prisão preventiva dos agentes.
Foram afastados os policiais Paulo Rodolpho Lima Nascimento e William de Barros Noia. Um terceiro policial também afastado, Kleber Nascimento Freitas, não participou da abordagem a Genivaldo.
O defensor dos policiais disse não identificar razão para as prisões. “Não há motivos para uma prisão cautelar, pois ela só pode ser decretada se for necessária. Os envolvidos vão falar o que aconteceu, e os órgãos responsáveis pela representação da prisão preventiva ainda não pediram. Para mim, não há necessidade”, disse Castro.
Na última sexta-feira (3), o presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou que casos como o da morte de Genivaldo de Jesus Santos acontecem, que os policiais erraram, mas que não tiveram intenção de matar.
“Não é a primeira vez que morre alguém com gás lacrimogêneo no Brasil. Se pesquisar um pouquinho, até nas Forças Armadas já morreu gente. […] Eles queriam matar? Eu acho que não. Lamento. Erraram? Erraram. A Justiça vai decidir. Acontece, lamentavelmente”, disse o presidente em entrevista à imprensa em Foz do Iguaçu, no Paraná.
Genivaldo tinha 38 anos, era negro e tinha esquizofrenia. Deixou esposa, mãe, 11 irmãos, um filho de 7 anos e um enteado.
Os estudos do filho eram uma prioridade de Genivaldo, que queria que a criança tivesse as oportunidades que ele não teve na infância e na juventude. Costumava dizer que queria fazer do filho um doutor.
*As informações são da Folhapress.
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