Política

Pesquisa identifica os ‘Lunaristas’, eleitores de Bolsonaro que agora aprovam Lula; saiba quem são

Seis meses após o início do terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), institutos de pesquisa de opinião pública passaram a detectar um fenômeno inesperado.

Em meio a um cenário político ainda polarizado, uma parcela de eleitores que afirmam ter votado em Jair Bolsonaro (PL) no segundo turno das eleições de 2022 veem com bons olhos o governo de Lula, principal adversário político do ex-presidente.

Os achados vão, aparentemente, na contramão do que as pesquisas de intenção de voto apontavam na reta final da acirrada campanha eleitoral do ano passado, quando o percentual de eleitores de Lula e Bolsonaro oscilou pouco.

Isso indicava preferência e rejeições fortes dos grupos em relação a Lula e Bolsonaro. Quem apoiava Lula rejeitava Bolsonaro e vice-versa.

Agora, alguns desses mesmos institutos de pesquisa começam a mostrar uma mudança nesse cenário.

E dados exclusivos obtidos pela BBC News Brasil ajudam a entender quem são estes “lunaristas” — os bolsonaristas que agora aprovam Lula.

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O que dizem as pesquisas?

Pesquisa de avaliação de governo conduzida pelo Ipec mostrou que 37% de todos os entrevistados aprovam o governo Lula classificando-o como ótimo ou bom.

Outros 28% dos entrevistados desaprovam o governo, classificando-o como ruim ou péssimo. Do restante, 32% avaliam o governo como regular e 3% não souberam ou não responderam.

Foram ouvidas 2 mil pessoas entre 1º e 5 de junho em 127 municípios e a pesquisa tem uma margem de erro de dois pontos percentuais para mais ou para menos.

O detalhamento desses dados feito pelo instituto deu um passo além e mostrou que eleitores de Bolsonaro passaram a aprovar o governo Lula.

O Ipec perguntou aos entrevistados em quem eles votaram no segundo turno das eleições.

A pesquisa mostra que 8% dos entrevistados que afirmaram terem votado em Bolsonaro aprovam o governo do seu principal adversário político ao classificarem-no como ótimo ou bom.

Considerando a margem de erro, esse valor pode estar entre 6% e 10%.

A pesquisa também perguntou se os entrevistados aprovavam a forma como Lula vem administrando o país.

Nesse item, 19% dos que dizem ter votado em Bolsonaro no segundo turno disseram que aprovam a forma como o petista está conduzindo o governo.

Quem são os ‘lunaristas’?

Dados dessa pesquisa obtidos pela BBC News Brasil revelam quem são os eleitores de Bolsonaro que classificam o governo Lula como ótimo ou bom.

O perfil majoritário dos “lunaristas” é o seguinte:

Mulheres (55%);
Têm entre 25 e 34 anos (29%) e 45 e 59 anos (30%);
Pretos ou pardos (52%);
Católicos (53%);
Estudaram até o ensino médio (42%);
Estão no Sudeste (32%);
E vivem em cidades do interior (65%).
A Quaest, que divulgou uma pesquisa de avaliação de governo em junho, também detectou a aprovação do governo Lula por parte do eleitorado bolsonarista.

O levantamento apontou que 22% dos entrevistados que afirmam ter votado em Bolsonaro no segundo turno aprovam o governo Lula.

A pesquisa foi feita com 2.029 pessoas entre 15 e 18 de junho em 120 municípios e tem uma margem de erro de 2,2 pontos percentuais para mais ou para menos.

Lula e Bolsonaro

Por que bolsonaristas aprovam Lula?
Para a presidente do Ipec, Márcia Cavallari, a aprovação de Lula entre eleitores de Bolsonaro afeta uma parte do eleitorado bolsonarista menos ideológica.

São pessoas cuja opinião é mais influenciada por fatores econômicos como redução da inflação, aumento do poder aquisitivo e crescimento do produto interno bruto (PIB).

“A decisão do voto não é puramente ideológica. Então, à medida que o governo avança, mesmo quem não votou no Lula e votou no Bolsonaro vai fazendo uma avaliação do governo e pode ir mudando sua posição”, disse Cavallari à BBC News Brasil.

A presidente do Ipec atribui essa aprovação de Lula entre eleitores de Bolsonaro à sensação de melhora na economia.

“Isso acontece por conta de uma percepção de que diminuiu a inflação e o custo de vida. Há uma percepção de que os indicadores econômicos estão melhores, de que ele (Lula) estaria cumprindo o que falou na campanha e de que ele está tomando ações de combate à fome e à pobreza”, afirma Cavallari.

“O eleitor está dizendo: ‘Eu não votei nele, mas estou vendo o que está acontecendo’. O eleitor vai se reposicionando.”

O diretor da Quaest, Felipe Nunes, também avalia que a percepção de melhora no cenário político pode ter influenciado parte do eleitor que votou em Bolsonaro e que, agora, aprova a gestão de Lula.

Ele explica que o eleitorado de Bolsonaro é composto por uma base ideológica e outra pragmática.

A ideológica apoia o ex-presidente com base nas ideias defendidas por ele —Bolsonaro ficou conhecido por se posicionar contra a expansão de direitos femininos e LGBTQIA+ e a descriminalização das drogas e por se associar fortemente a segmentos considerados mais conservadores da sociedade como o eleitorado evangélico, aponta Nunes.

Ele diz, no entanto, que o eleitorado “pragmático” de Bolsonaro é aquele que percebeu uma melhora no ambiente econômico no final do ano passado, quando o governo criou benefícios sociais às vésperas do período eleitoral.

Segundo Nunes, é essa parcela do eleitorado bolsonarista que aprova agora o governo Lula.

“Esse eleitorado que vota não pela ideologia, mas por pragmatismo, é o que está se movendo neste momento. Ele é minoritário, mas existe”, diz Nunes à BBC News Brasil.

Marcelo Passos

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