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Paraquedista iniciante morre ao cair sobre telhado; dona de casa fala em tragédia anunciada

Em | Da Redação

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Paraquedista iniciante morre ao cair sobre telhado; dona de casa fala em tragédia anunciada
Andrius Jamaico Pantaleao morreu em acidente de paraquedas em Boituva — Foto: Arquivo pessoal

O dono da casa atingida pelo paraquedista que morreu após um salto em Boituva (SP) reclamou das rotas utilizadas pelos atletas para a prática do esporte.

“Deveriam desviar as rotas dos aviões e dos paraquedistas da cidade, porque é uma tragédia anunciada”, relata o morador.

O acidente aconteceu no início da tarde de terça-feira (19), na Rua José Scomparim. Segundo a polícia, a vítima atingiu o telhado de uma casa no Jardim Hermínia e colidiu contra o solo em alta velocidade.

À TV TEM, o morador do imóvel atingido, Celso Benedito Cardoso, contou que estava saindo de casa para fazer uma faxina quando ouviu um estrondo.

“Poderia ter caído na casa do vizinho, na minha casa, mas foi no portão de casa. A gente estava com três netos, que estão de férias e os pais saíram para trabalhar. Por sorte, eles estavam dentro de casa”, afirma o aposentado.

O paraquedista morreu no local do acidente, e a perícia foi acionada para recolher o corpo. Na sequência, a Defesa Civil também foi até o endereço, fez a limpeza dos estragos e avaliou o imóvel atingido. Segundo o órgão, a estrutura da casa não foi comprometida.

Sobre as reclamações do morador relacionadas à rota dos paraquedistas, o presidente da Associação dos Paraquedistas de Boituva alegou que normalmente os saltos não são realizados nos centros urbanos.

“Hoje a gente já tem alguns planos emergenciais para não voar em baixa altura em cima da cidade e evitar os lançamentos em cima da cidade, justamente para evitar a parte urbana, para evitar acidentes, afirma Marcelo Costa.

Aluno de paraquedismo

A vítima do acidente de terça-feira foi identificada como Andrius Jamaico Pantaleao, de 38 anos, que era aluno de paraquedismo.

De acordo com o presidente da Associação dos Paraquedistas de Boituva, Andrius estava com a documentação em dia para praticar o esporte e saltou acompanhado de um instrutor devidamente habilitado.

Depois de liberado do Instituto Médico Legal (IML) de Itapetininga, o corpo do paraquedista foi encaminhado para Diadema (SP), onde ele morava. Segundo a funerária, o velório será realizado na manhã desta quarta-feira (20) e o sepultamento está previsto para as 12h, no Cemitério Jardim Vale da Paz.

Paraquedas não abriu?

A Polícia Civil está investigando as causas do acidente que matou Andrius Jamaico em Boituva. Segundo o delegado responsável pelo caso, os policiais constataram no local da queda que não houve a abertura total do equipamento da vítima e que, antes de cair, o paraquedista girou várias vezes no ar.

“Pelo que a gente viu no local, não houve a abertura total do equipamento, ou até não abriu nada, nenhum dos dois velames, nem o reserva, nem o principal. Mas isso é difícil dizer, porque ainda vai ter que ser feita uma perícia para entender o que de fato aconteceu”, afirma o delegado Emerson Jesus Martins.

Para o presidente da Associação de Paraquedistas, o acidente aconteceu porque o aluno não utilizou a “regra dos cinco segundos”, que diz que o atleta deve abrir o paraquedas imediatamente se não ficar estável no ar dentro do período estipulado.

“A gente acredita que o aluno perdeu a estabilidade em queda livre e, em vez de acionar o paraquedas, ele ficou brigando para tentar recobrar a estabilidade. O dispositivo de acionamento automático funcionou, liberou o paraquedas reserva, porém, no processo de abertura, pelo paraquedista estar girando, ele acabou enroscando no corpo dele e interrompendo o processo de abertura”, explica Marcelo Costa.

Em nota, a Prefeitura de Boituva lamentou a queda e disse que servidores da Secretaria de Administração acompanharam os trabalhos do Corpo de Bombeiros, da Polícia Militar e da perícia.

A Confederação Brasileira de Paraquedismo (CBPq) também prestou solidariedade à família e ao clube da vítima, e se colocou à disposição para auxiliar na coleta de informações e analisar as causas do acidente.

Além disso, a CBPq informou que foram suspensas, até a produção de um relatório de investigação sobre o acidente, as atividades do clube de paraquedismo do qual a vítima fazia parte, “em respeito ao aluno, tendo em vista a apuração das causas do acidente e as devidas questões legais”.

A WOW Paraquedismo, clube do qual a vítima fazia parte, não se pronunciou sobre o caso até a publicação desta reportagem.

Outros acidentes

Boituva abriga o Centro Nacional de Paraquedismo (CNP), um local que promove aproximadamente 30 mil saltos por mês, entre saltos turísticos e profissionais.

Somente em 2022, o g1 noticiou a morte de quatro paraquedistas em Boituva. Em maio, dois atletas morreram após o pouso forçado de uma aeronave que saiu do CNP. Outras dez pessoas também ficaram feridas.

De acordo com um paraquedista que estava no avião no momento do acidente, a aeronave apresentou problemas a cerca de 900 pés (aproximadamente 275 metros) de altitude e tocou três vezes no solo antes de tombar e ficar com as rodas para cima.

Menos de um mês antes, um outro acidente fatal foi registrado no CNP. A paraquedista Bruna Ploner, sargento do Exército Brasileiro, morreu no dia 24 de abril após saltar com um paraquedas de alta performance.

As causas do acidente estão sendo investigadas pela Polícia Civil, que chegou a pedir à Justiça a suspensão de todas as atividades de salto no CNP até que fosse providenciada uma UTI móvel no local. Apesar disso, o pedido foi negado pela Justiça.

*As informações são do G1.

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