O presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), o arcebispo metropolitano de Porto Alegre Dom Jaime Spengler, defendeu que a igreja não é “esquerda nem direita”, além de negar que a Igreja Católica esteja dividida politicamente.
As declarações foram dadas em entrevista à Folha de S.Paulo, publicada neste sábado (6).
– A Igreja não está dividida, estamos muito unidos. O que talvez chama atenção: somos seres políticos por natureza e temos nossas posições pessoais. E aí alguns as expressam de forma mais alargada, digamos assim. As leituras se pautam através desse modo de se posicionar. Mas não podemos jamais nos calar diante das situações em que a vida não é respeitada, independentemente de quem esteja no poder. Não seria digno de um discípulo de Jesus – expôs o arcebispo.
Eleito presidente da CNBB no mês passado, Spengler foi questionado sobre a instituição ter emitido notas falando da “criminosa tragédia” contra os indígenas yanomamis e defendendo a importância da vacinação.
– A nota talvez tenha causado desconforto em alguns setores. Algo muito bonito que está no Evangelho de Mateus, mas que é extremamente desafiador: lá diz que seremos avaliados diante de situações muito simples. Estava com fome, me destes de comer. Tinha sede, me destes de beber. Não podemos jamais perder isso de vista – disse o arcebispo de 62 anos.
Spengler também negou que tenha direcionado uma mensagem diretamente a Jair Bolsonaro, então presidente do Brasil, em 2022, quando ele falou sobre “quem divulgar mentiras não ser digno de assumir um cargo público”.
– Não colocaria aquela minha fala dirigida objetivamente a uma pessoa, mas a um contexto social que estávamos vivendo. E eu a repetiria no momento atual também, viu? É algo que está aí no cotidiano. A verdade abre horizontes. A mentira fecha – declarou.
Jaime Spengler estará à frente da presidência da CNBB até 2027