Um artigo que será publicado em dezembro alerta para a possibilidade de infecção de monkeypox por contato com superfícies contaminadas. A constatação foi feita após o estudo do caso de duas enfermeiras que podem ter sido infectadas pela proximidade com o vírus.
A pesquisa internacional, intitulada “Possible Occupational Infection of Healthcare Workers with Monkeypox Virus, Brazil”, teve a participação nacional da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Pernambuco e do Centro Estadual de Vigilância em Saúde do Rio Grande do Sul (Cevs/SES-RS).
O estudo detalha que as luvas, material essencial para a proteção dos profissionais, só foram usadas no momento da coleta, após as profissionais de saúde esterilizarem as mãos. Os sintomas começaram a aparecer cinco dias após o atendimento.
“Os cuidados adotados nesse atendimento são detalhadamente descritos, mostrando que elas utilizaram todo equipamento de proteção — exceto as luvas — enquanto estavam no período inicial de entrevista, no quarto do paciente”, explicou a Fiocruz, em nota.
Medidas de controle
Os pesquisadores apontam que a contaminação pode ter ocorrido pelo contato com superfícies da casa do paciente em pico da transmissão viral ou pelo manuseio — sem proteção de luvas ou com elas infectadas — da caixa das amostras. Por isso, acreditam que algumas medidas devem passar a ser adotadas.
O bloqueio da rota de transmissão deve ser observado, o que pode ser realizado com um treinamento específico para a coleta. A implementação de medidas de controle, higienização frequente das mãos, uso das luvas durante todo o período de visita a pacientes e utilização correta de equipamentos de proteção individuais (EPIs) pelos profissionais de saúde também devem ser adotados como melhores práticas.
Além disso, é recomendado que os médicos, enfermeiros e infectados se preocupem com a higienização das superfícies com desinfetante efetivo contra outros patógenos.
Participaram da composição do artigo entidades internacionais e, no cenário nacional, a Fiocruz Pernambuco e o Centro Estadual de Vigilância em Saúde do Rio Grande do Sul (Cevs/SES-RS). Junto a eles, mais três universidades gaúchas e o Bernhard Nocht Institute for Tropical Medicine – National Reference Center for Tropical Infectious Diseases, de Hamburgo (Alemanha), colaboraram no trabalho.
A pesquisa será publicada na edição de dezembro da revista científica Emerging Infectius Diseases, editada pelo Centers for Disease Control and Prevention (CDC). A doença tem progredido no Brasil, que já se tornou o país com mais mortes por monkeypox fora da África, continente onde surgiu a enfermidade.
(As informações são do Correio Braziliense)