Após disparar na pandemia, a inflação da carne bovina mostra sinais de alívio para o bolso do consumidor brasileiro. O principal fator por trás da trégua é a maior oferta disponível em 2023 no mercado interno, dizem analistas.
Segundo eles, produtores aproveitaram os preços em alta nos últimos anos para reforçar investimentos, o que gerou aumento da capacidade produtiva no país.
Com mais opções para o consumidor, as projeções indicam que a carne bovina, assim como outros alimentos, deve ficar longe da lista dos principais vilões da inflação em 2023.
De janeiro a abril, os preços das carnes registraram quatro baixas mensais consecutivas no IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo). A maior queda foi em fevereiro (-1,22%), e a menor, em abril (-0,45%).
Divulgado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o IPCA é considerado o índice oficial de inflação no Brasil
Segundo o levantamento, os preços das carnes acumulam queda de 3,16% neste ano (janeiro a abril) e baixa de 4,40% em 12 meses. Em iguais períodos de comparação, o IPCA teve alta de 2,72% e de 4,18% na média geral.
“No caso da carne bovina, a questão é a maior disponibilidade de produto no mercado interno. Isso vai muito além do embargo às exportações para a China [ocorrido no primeiro trimestre]”, diz Fernando Henrique Iglesias, analista da consultoria Safras & Mercado.
De janeiro a março de 2023, o abate de bovinos no Brasil cresceu 4,8% ante igual período de 2022, segundo o IBGE.
“O excesso de oferta tem de ser explicado pelo aumento dos investimentos no setor a partir do segundo semestre de 2019. O dinheiro investido se traduziu em ampliação da capacidade produtiva”, afirma Iglesias.
Em 2023, a disponibilidade interna de carne bovina no país deve subir 6,44% ante 2022, aponta estimativa da Safras & Mercado.