Em uma tentativa de dar fim às incansáveis ligações de telemarketing, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) adotou uma nova medida para limitar a atuação das empresas que utilizam diversos números de telefone para contatar consumidores repetidamente. Essa prática, que tornou-se comum entre as companhias de telemarketing, visava driblar bloqueios e aumentar as chances de contato com as vítimas de spam telefônico e possíveis golpes.
A resolução busca melhorar a experiência dos consumidores, que, cansados das constantes interrupções, relatam frustrações por não conseguirem evitar essas chamadas, mesmo com o uso de bloqueios. Empresas que desrespeitarem a nova regra estarão sujeitas a multas que podem chegar a R$ 50 milhões, uma penalidade severa, mas necessária para desestimular essas práticas.
O impacto das ligações de telemarketing no cotidiano
Para trabalhadores como Deisiane Géssica Pereira, coordenadora de cuidados clínicos na Santa Casa de Belo Horizonte, as ligações insistentes representam uma grande fonte de estresse no dia a dia. Deisiane gerencia uma equipe que cuida de 250 leitos, e o fluxo de chamadas não solicitadas atrapalha a sua rotina de trabalho. Ela relata que, apesar de tentar bloquear os números, as empresas sempre encontram novas formas de contatá-la. As informações são do Jornal Nacional.
“Eu procuro atender porque fico preocupada achando que é alguém precisando. A gente tenta falar que está ocupado, mas muitas vezes existe uma insistência desnecessária”, afirma Deisiane.
Bloquear o número não resolve o problema. Segundo Deisiane e outros consumidores, as empresas de telemarketing frequentemente usam diferentes números de telefone para continuar perturbando os usuários. Essa estratégia frustrava qualquer tentativa de bloquear as chamadas indesejadas, gerando uma situação que parecia impossível de resolver.
Proibição de múltiplos números: uma tentativa de controle
Com a nova norma da Anatel, uma mesma empresa não poderá mais utilizar números diferentes para fazer as ligações de telemarketing. Essa proibição visa coibir a prática de spam telefônico, tornando as atividades dessas empresas mais controláveis e, em última instância, proporcionando um alívio para os consumidores. Além disso, a medida tem como objetivo dificultar a realização de golpes, que muitas vezes começam com uma simples chamada de telemarketing.
Thiago Freitas, presidente da Comissão de Defesa do Consumidor da OAB-MG, vê a proibição como um avanço, mas alerta que ainda há trabalho a ser feito. “Precisamos divulgar essa informação amplamente. O consumidor deve se cadastrar nas plataformas disponíveis e anotar todas as tentativas de contato abusivas. Essas denúncias são fundamentais para garantir que o sistema funcione”, afirma Freitas.