A campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, convocou às pressas uma coletiva de imprensa na noite desta segunda-feira, 24, para denunciar um “fato grave” à Nação e alegar, a seis dias das eleições, que está sendo “censurada” por rádios pelo País para favorecer o candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva. Uma hora depois da entrevista, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, classificou a denúncia como inconsistente, disse que o relatório apresentado à Corte era “apócrifo” e pediu provas.
Em um púlpito montado em frente ao Palácio do Alvorada, o ministro das Comunicações, Fábio Faria e o coordenador de comunicação da campanha, Fabio Wajngarten, alegaram que emissoras de rádio deixaram de veicular 154.085 inserções de Bolsonaro no segundo turno, beneficiando Lula, sobretudo no Nordeste, região onde o petista venceu com a maior vantagem na primeira etapa da disputa.
O comitê do presidente pediu ao TSE a suspensão da propaganda de Lula nas rádios do País e apuração da denúncia para que seja instalado um processo administrativo. O ministro Alexandre Moraes analisou o pedido e deu 24 horas para Bolsonaro apresentar provas do que alega.
“Os fatos narrados não foram acompanhados de qualquer prova e/ou documentos sério, limitando-se a juntar um suposto e apócrifo relatório de veiculações de rádio”, escreveu Moraes. O presidente do TSE advertiu, ainda, que a campanha pode responder por crime eleitoral se não apresentar as provas.
O “fato” grave, segundo os articuladores da campanha de Bolsonaro, beneficiou Lula e “cerceou” o direito do presidente de disputar a eleição em igualdade. Só no Nordeste, seriam 29 mil inserções a menos em duas semanas.
A alegação foi feita dois dias depois de o TSE conceder direito de resposta para o petista na TV e tirar quase uma hora de propaganda do candidato à reeleição nas emissores de televisão. Os advogados de Bolsonaro argumentam que diferença entre o número de inserções dos dois candidatos à Presidência é “gravíssimo” e pode levar à “ilegitimidade” das eleições.